SAQUAREMA
Em 1530, D. João III, rei de Portugal, reconhecendo que o sistema de “excursões” para guardar as costas do Brasil exigia grandes sacrifícios e não apresentava resultados satisfatórios, devido a falta de pontos onde se pudesse atracar com as embarcações para provê-las de mantimentos e homens, resolveu fundar uma colônia nas margens do Rio da Prata. Para isso organizou uma frota com duas naus, um galeão e duas caravelas e uma tripulação de aproximadamente 400 pessoas e tendo como comandante, Martim Afonso de Souza, com poderes extraordinários concedidos por D. João III através de uma carta Régia datada de 20 de novembro de 1530. Dentre tais poderes destacava-se o de tomar posse e colocar marcos em todo o território até a linha demarcada. Saindo de Lisboa em 03 de dezembro de 1530, chegou à Baia de Todos os Santos em 13 de março de 1531, depois de ter se dividido. Uma parte da frota dirigiu-se ao norte. No dia 17 do mesmo mês, Martim Afonso de Souza reiniciou a viagem indo em direção ao sul. Após contornar Cabo Frio, atracou em frente ao Morro de Saquarema (morro da Igreja de Nossa Srª de Nazareth ), no lugar onde hoje é a construção da Barra Franca. Alguns tripulantes desembarcaram e foram entrar em contato com uma grande tribo de índios que obedeciam às ordens do chefe “SAPUGUAÇU”. Estes índios moravam em choças feitas de sapé ou tábua com uma porta em cada extremidade e sem repartimento no interior. Os utensílios mais comuns eram: “YNI” – Rede de dormir; “URUPEMA” – Peneira; “LYMA” – Fuso; “URU” – Cesto pequeno com tampa; “YGAÇABA” – Talha cheia d’água; “CAMUTY” ou “CAMUCIN” – Pote de boca pequena; “YUNDUÁ” – Pilão; “PYÇA” ou “PUÇA” – Rede de pescar; “URUCU” ou “JITY” – Cesto de pescar; “PINDAYABA” – Caniço; “YAPARA” e “UYBA” – Arco e flexa; “YAGARAS” – Canoas feitas de um só tronco de árvore; Os Tamoios eram ótimos canoeiros. Remavam de pé a um compasso certíssimo, com que ficaram maravilhados os europeus. Assavam peixes sobre brasa, ou então sobre um gradeado de madeira, a que se dava o nome de “MOKAEM” (leia-se moquem). Ao assado envolvido em folhas chamavam “POKEKA”, hoje chamado de moqueca. À carne, o peixe pilado e misturado com farinha, davam o nome de “PAÇOKA”. Sua bebida preferida era feita de suco de cajú que eles chamavam de “CAIUM”. Tinham sempre guardado na choça a farinha de mandioca – “CARIMÔ e a usavam pára fazer um bolo enroscado chamado “UBEIJU”, de onde vem o nome do bejú. Gostavam da dança chamada de “POROCE” e nela utilizavam ornamentos feitos de plumas de garças ou araras que eram o capacete chamado de “ACANGATARA” e uma espécie de manto chamado de “AÇAYABA”. Tocavam instrumentos que eram a buzina chamada de “MAMBY” , o guarará chamado de “Ymbia” e tambores. Por séculos esses indígenas dominaram a parte litorânea onde hoje se localiza a sede do município de Saquarema e apelidaram a lagoa de “SOCÓ-REMA” que quer dizer bandos de socós (ave pernalta abundante na lagoa naquela época) e com a evolução da linguagem passou a chamar-se SAQUAREMA.