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86 Artigos - MOTIVAÇAO
94 - O CARPINTEIRO E A PORTA – QUANDO FECHAR UM CICLO É O PRIMEIRO PASSO PARA RECOMEÇAR
Fonte: Zuuc
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Foto principal do Post 94

Num vilarejo à beira do campo, vivia um carpinteiro chamado Joaquim. Suas mãos, marcadas pela madeira e pelo tempo, haviam construído quase todas as casas da região. Era conhecido não apenas pela habilidade, mas pela calma com que ouvia as histórias de quem o procurava. Diziam que cada porta feita por ele guardava uma bênção, pois Joaquim acreditava que toda porta tinha alma: uma que se abre para o novo e outra que se fecha para o que precisa ficar no passado.

Certo dia, um homem chamado André chegou à oficina com um pedido incomum. Trazia nos olhos o cansaço de quem havia perdido muito: um casamento, um emprego e a esperança. Segurava nas mãos uma velha tábua de madeira, rachada e escurecida pelo tempo. — Mestre Joaquim — disse, com voz trêmula —, quero que o senhor faça uma porta com esta madeira. É tudo o que me restou da minha antiga casa. Não sei se ela ainda serve pra alguma coisa.

O carpinteiro olhou com cuidado a peça gasta. Passou os dedos sobre as rachaduras, sentiu a textura áspera e respondeu com serenidade:

— Toda madeira já foi árvore. Já sentiu sol, chuva, vento e dor. Mas mesmo ferida, ela ainda pode abrigar um novo lar. O que foi derrubado pode servir para erguer algo novo, se o coração quiser.

Durante dias, Joaquim trabalhou em silêncio. Lixou cada parte, encaixou cada dobradiça, e em cada martelada colocava uma prece silenciosa. Quando terminou, André ficou surpreso: a velha madeira havia se transformado em uma bela porta, com veios dourados e um brilho que parecia vir de dentro.

— É linda… — murmurou André. — Mas por que ela tem duas maçanetas, uma de cada lado?

O carpinteiro sorriu: — Porque toda porta tem dois gestos: o de fechar e o de abrir. Uma maçaneta é para o passado, para encerrar o que já cumpriu seu tempo. A outra é para o futuro, para receber o que vem. Às vezes, o problema não é o que perdemos, mas o medo de girar a maçaneta certa.

André ficou em silêncio, emocionado. Entendeu que, por mais que o passado o tivesse machucado, continuar olhando para a porta antiga era o que o impedia de abrir novas entradas. Levou a porta para sua nova casa e, ao instalá-la, fez uma promessa a si mesmo: toda vez que ela se fechasse, seria para proteger sua paz — e toda vez que se abrisse, seria para acolher algo bom.

Com o tempo, a velha madeira se tornou símbolo de um novo começo. Joaquim, ao saber da notícia, sorriu satisfeito. “As portas mais bonitas”, pensou, “são feitas das madeiras que já conheceram tempestades.”

Lição: Há momentos em que a vida nos pede para fechar uma porta — não como fim, mas como gesto de coragem. Só quem aprende a se despedir do que foi, pode abrir espaço para o que vem. Toda perda pode se transformar em passagem, se tivermos fé para girar a maçaneta do recomeço.

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