| 86 Artigos - OTIMISMO |
9 - O SÁBIO SAMURAI
Fonte: Nd
Perto de Tóquio, vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar Zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos, apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação. Esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para observar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho e sábio samurai aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade. Lá, o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos que conhecia, ofendendo, inclusive, seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho sábio permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro desistiu e retirou-se. Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado tantos insultos e tantas provocações, os alunos perguntaram: — Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que poderia perder a luta, ao invés de se mostrar covarde e medroso diante de todos nós? Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? — perguntou o Samurai. A quem tentou entregá-lo — respondeu um dos discípulos. O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos — disse o mestre. — Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo. A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a serenidade, só se você permitir!
90 - O PINTOR E A CHUVA – A ARTE DE TRANSFORMAR LÁGRIMAS EM CORES
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O Pintor e a Chuva – a arte de transformar lágrimas em cores
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Em uma pequena vila costeira, vivia Elias, um pintor conhecido por suas obras alegres e cheias de luz. Suas telas retratavam o mar, o sol e os rostos sorridentes das pessoas simples da região. Mas, certo dia, uma grande tempestade atingiu o vilarejo. Ventos fortes destruíram casas, o mar invadiu as ruas e, na tragédia, Elias perdeu o ateliê onde guardava todas as suas pinturas. Cada quadro, cada cor, cada lembrança de anos de trabalho foi levada pelas águas.
Durante meses, ele não tocou mais em um pincel. As pessoas o viam caminhar pelas margens do mar, cabisbaixo, observando os restos do que um dia fora sua inspiração. “Minhas cores morreram com a tempestade”, dizia ele. A dor havia apagado o brilho de seus olhos. Certo dia, uma menina chamada Sofia — filha de um pescador — encontrou Elias sentado em silêncio, olhando o horizonte. Nas mãos, ela trazia uma pequena caixa de tintas que o mar havia devolvido, manchada de areia e sal. Estendeu a caixa e disse com inocência: — O mar devolveu o que levou, senhor. Talvez ele queira ver você pintar de novo. Elias sorriu pela primeira vez em muito tempo. Levou a caixa para casa, e naquela noite, enquanto a chuva voltava a cair suave sobre o telhado, ele começou a pintar novamente — não com o mesmo entusiasmo de antes, mas com uma nova sensibilidade. Usava gotas de chuva misturadas à tinta, criando cores que nunca havia imaginado. As telas começaram a ganhar um brilho úmido, quase vivo, como se cada pincelada carregasse emoção e verdade. Meses depois, ele organizou uma exposição chamada “Depois da Chuva”. As pessoas se emocionaram ao ver as novas obras — nelas, havia dor, saudade e também renascimento. Elias aprendeu que a beleza não nasce apenas da alegria, mas também das lágrimas que ensinam a enxergar o mundo com mais profundidade. Ao final da exposição, Sofia lhe perguntou: — Senhor, por que suas novas pinturas têm o brilho da chuva? E ele respondeu, sorrindo: — Porque a dor também tem cor. E, quando aprendemos a pintá-la, ela deixa de ser tempestade e se torna aprendizado. Lição: As tempestades da vida não vêm apenas para destruir, mas para revelar novas formas de criar, sentir e viver. Quando deixamos a dor se transformar em arte — seja em gestos, palavras ou atitudes — descobrimos que a chuva nunca apaga as cores, apenas as mistura para revelar tons que o sol sozinho jamais mostraria.
91 - O RELÓGIO DE AREIA – O TEMPO QUE ENSINA A ESPERAR O MOMENTO CERTO
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O Relógio de Areia – o tempo que ensina a esperar o momento certo
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Em um vilarejo distante, vivia um velho relojoeiro chamado Tobias. Era conhecido por consertar qualquer tipo de relógio — de bolso, de parede, de torre — mas o que mais o fascinava era um antigo relógio de areia que guardava em sua oficina. O objeto, simples à primeira vista, tinha um detalhe curioso: a areia demorava mais que o normal para cair, e, às vezes, parava no meio do caminho. Muitos achavam que estava quebrado, mas Tobias o chamava de “O Relógio da Paciência”.
Certa tarde, um jovem chamado Raul entrou na oficina, aflito. Tinha pressa em tudo — queria resultados rápidos, respostas imediatas, e a vida não lhe parecia andar na velocidade que desejava. Impaciente, começou a reclamar: — O senhor conserta o tempo, velho Tobias? Porque o meu parece parado. Trabalho, luto, insisto… e nada acontece! O relojoeiro sorriu com serenidade, pegou o velho relógio de areia e o colocou sobre o balcão. — Observe — disse ele, virando o relógio. — Cada grão tem o seu momento de cair. Nenhum se apressa, nenhum se atrasa. Eles obedecem ao tempo que lhes pertence. Raul olhou, entediado, vendo os grãos escorrerem lentamente. Após alguns minutos, reclamou: — É isso? Esperar a areia cair? Enquanto isso, a vida passa! Tobias, então, respondeu com calma: — A vida não passa, Raul. Ela acontece enquanto você aprende a observar. O tempo não é seu inimigo, é seu mestre. Quando você tenta correr à frente dele, tropeça. Quando o acompanha, amadurece. Dias depois, Raul começou a visitar o relojoeiro com frequência. Sentava-se em silêncio, observando o relógio de areia. No início, a espera era tortura. Depois, começou a perceber sons, cheiros e pequenos detalhes que antes ignorava: o barulho dos passarinhos, o perfume do café, o som da chuva. Descobriu que o tempo não era um obstáculo, mas um cenário onde a vida se revela devagar. Meses se passaram. Um dia, Raul chegou à oficina com um sorriso tranquilo e disse: — Mestre Tobias, acho que aprendi o segredo do seu relógio. A areia não para… somos nós que não sabemos olhar o tempo com calma. O velho relojoeiro respondeu: — Exato, meu rapaz. A vida é como essa ampulheta. A pressa tenta virá-la antes da hora, mas a sabedoria sabe esperar o último grão cair — porque é nele que o sentido se completa. Lição: O tempo não falha — somos nós que, por impaciência, deixamos de enxergar seus ensinamentos. Há momentos que só florescem quando o coração aprende a esperar. Assim como o último grão do relógio de areia, a vida revela o essencial apenas a quem sabe confiar no ritmo do tempo.
92 - A JANELA E O HORIZONTE – O DIA EM QUE ALGUÉM APRENDEU A ENXERGAR ALÉM DAS GRADES DO PRÓPRIO MEDO
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A Janela e o Horizonte – o dia em que alguém aprendeu a enxergar além das grades do próprio medo
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Num pequeno mosteiro no alto das montanhas, vivia um jovem aprendiz chamado Elias. Ele havia chegado ali em busca de paz e respostas para os tormentos da alma. O mestre do mosteiro, um homem sereno e de poucas palavras, o acolheu e lhe deu um quarto simples, com uma cama, uma mesa, uma lamparina e uma pequena janela de ferro que dava para o horizonte distante.
Nos primeiros dias, Elias pouco saía do quarto. Passava horas observando o céu pela janelinha estreita, mas em vez de enxergar a beleza das montanhas, via apenas as grades que limitavam sua visão. Sentia-se preso, como se o mundo lá fora fosse inalcançável. “De que adianta buscar paz se continuo enjaulado?”, murmurava em desânimo. Certa manhã, o mestre bateu à porta e perguntou: — Elias, o que tanto observa pela janela? — As grades — respondeu o jovem, suspirando. — Elas me impedem de ver o mundo. O mestre sorriu e, sem dizer nada, pediu que o acompanhasse. Levou-o até o pátio do mosteiro e mostrou-lhe outra janela, idêntica à sua, mas de um ângulo diferente. Pediu que olhasse atentamente. Elias se aproximou, olhou… e viu o sol nascendo entre as montanhas, pintando o céu de ouro e rubi. As mesmas grades estavam lá, mas agora mal se notavam diante da imensidão do horizonte. O mestre então disse: — As grades não mudaram, meu filho. O que mudou foi o seu olhar. Quando você se prende às limitações, tudo parece pequeno. Mas quando foca no horizonte, o coração se expande e a liberdade acontece por dentro, não por fora. Elias ficou em silêncio. Voltou ao seu quarto e, pela primeira vez, não olhou para o ferro da janela, mas para o céu que brilhava além dele. Notou que a luz do sol atravessava as grades, projetando reflexos dourados na parede. Percebeu, então, que até o que o prendia podia servir de moldura para algo maior. As grades, antes símbolo de prisão, tornaram-se moldura da paisagem que o inspirava a continuar. Com o tempo, Elias entendeu que a liberdade verdadeira não depende de abrir janelas, mas de abrir os olhos. O medo, as dores e as perdas são como grades: existem, mas só nos prendem enquanto insistimos em olhá-las de perto. Quando aprendemos a mirar o horizonte, elas deixam de ser barreiras e passam a ser parte da paisagem da nossa superação. Lição: A vida sempre terá suas grades — medos, limites e incertezas. Mas o olhar que escolhemos determina o que enxergamos: prisão ou horizonte. Quando elevamos o olhar, descobrimos que a liberdade começa dentro de nós, e que até uma janela com grades pode mostrar o infinito.
93 - O FERREIRO E O FOGO – COMO A DOR MOLDA A FORÇA DOS QUE NÃO DESISTEM
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O Ferreiro e o Fogo – como a dor molda a força dos que não desistem
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Em uma pequena aldeia cercada por montanhas, vivia um velho ferreiro chamado Samuel. Suas mãos eram marcadas pelo tempo e pelo trabalho, e seu olhar trazia a calma de quem aprendeu que a vida, assim como o ferro, só se torna forte quando passa pelo fogo. Todos o respeitavam por sua habilidade e sabedoria, mas poucos sabiam a história que o havia transformado em quem era.
Anos antes, Samuel havia perdido tudo em um incêndio: a casa, a oficina e, pior que isso, a fé. Durante muito tempo, acreditou que Deus havia se esquecido dele. Tentou reconstruir a vida, mas a tristeza o consumia. Até que, certo dia, um jovem chamado Elias apareceu em sua porta, trazendo consigo uma espada quebrada e um olhar de desespero. — Mestre, disseram que o senhor é o único capaz de consertar o que está perdido — disse o rapaz. — Esta espada era de meu pai. Quebrou-se em batalha, e não consigo lut… viver sem ela. Samuel olhou para o ferro partido, mas enxergou ali um reflexo de si mesmo. Decidiu ajudar o jovem. Colocou a lâmina na forja, reacendendo um fogo que há muito tempo estava apagado, tanto na oficina quanto em seu coração. As chamas iluminaram o rosto enrugado do ferreiro, e o calor fez brotar lembranças que ele acreditava esquecidas. Enquanto o ferro se avermelhava, Elias observava ansioso. Samuel, porém, trabalhava com calma. Martelava, mergulhava o metal em água fria, depois o devolvia ao fogo. O som do martelo ecoava como batidas do coração. Depois de horas de trabalho, Elias perguntou: — Por que precisa bater tanto? Não basta aquecer e moldar uma vez? Samuel respondeu sem tirar os olhos do fogo: — O ferro só se torna forte quando aprende a suportar o calor e os golpes. Assim também é o homem. O fogo é a dor que nos purifica, e o martelo é a vida que nos ensina. Fugir do fogo é permanecer frágil. Quando terminou, entregou ao jovem uma espada reluzente, mais firme e bela do que antes. Elias segurou-a com admiração e disse: — Ela parece nova… mas ainda tem as marcas do fogo. Samuel sorriu: — É assim que deve ser. A força não vem de esconder as cicatrizes, mas de aceitá-las como parte da nossa história. Depois que o jovem partiu, Samuel olhou para o fogo e entendeu o que o destino tentava lhe dizer desde o incêndio: o mesmo fogo que destrói também pode forjar. O segredo está em permanecer firme dentro dele, até que a dor se transforme em sabedoria. Lição: As provações não vêm para nos quebrar, mas para nos moldar. Assim como o ferro, o coração humano precisa passar pelo calor da dor e pelo peso dos desafios para descobrir sua verdadeira força. O sofrimento, quando aceito com fé, não nos consome — nos transforma.
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